Escola Dominical – agência de ensino bíblico da Igreja (2ª parte)

28/10/2011 11:39

 

Escola Dominical – agência de ensino bíblico da Igreja (2ª parte)

 

 

O famoso evangelista João Wesley, fundador do Metodismo, amigo pessoal de Raikes, e cuja casa freqüentava, tornou-se um grande entusiasta da ED, e onde quer que houvesse um congregação metodista, logo ele implantava lá uma ED. Os resultados causaram tal impacto no modo de vida da sociedade que em 1784 Raikes já era o homem mais popular da Inglaterra, e em 1785 organizou a primeira União de Escolas Bíblicas Dominicais de Gloucester.

O poderoso e permanente efeito da ED foi tal que, 12 anos após sua fundação, não havia um só criminoso na sala dos réus para julgamento nos tribunais de Gloucester. Antes disso, a média ali era de 50 a 100 em cada julgamento!

Quando os abençoados frutos da ED tornaram-se conhecidos através da Europa, a Rainha Catarina, da Rússia, convidou Raikes para uma visita àquele país. Não consta que ele tenha podido ir. Tivesse a ED sido fortemente estabelecida na Rússia, seus benditos frutos produzidos a longo prazo teriam impedido aquele país de chegar ao ponto a que chegou: ensejar condições para a implantação ali do comunismo ateu. A Inglaterra, por exemplo, reconhece que foi perservada de movimentos políticos extremistas e radicais, como o da Revolução Francesa de 1789, graças à educação religiosa provida pela ED e os despertamentos religiosos coevos de Wesley e Whitefield, que influíram em todas as camadas, inclusive em todo o Parlamento Britânico. Em 1811, quando Raikes faleceu, somente na Inglaterra a ED já contava com 400 mil alunos matriculados.

A importância da ED

Hoje, a ED é o aspecto mais dinâmico da obra evangélica de educação religiosa popular. Antes de Raikes, já havia reuniões similares de instrução bíblica, mas foi ele que dinamizou e popularizou o movimento. É como dizem os comerciantes: “Pôs a mercadoria na praça”. As primeiras lições consistiam de textos em forma de perguntas nocionais da fé cristã, leitura bíblica, recitação de versículos, oração e hinos. Depois surgiu o método de comentar os versículos lidos. A seguir surgiram as revistas da Escola Dominical. Por fim, surgiram os currículos de educação religiosa para a Escola Dominical, um para cada faixa de idade.

Foi notável e vital o papel da imprensa na fundação da ED, divulgando, orientando, promovendo e estimulando. Hoje, as pessoas não têm dado o devido reconhecimento do inestimável bem que a ED tem trazido ao mundo, mas devemos fazer justiça à ED valorizando-a.

O Brasil defronta-se atualmente com problemas espirituais, sociais e morais idênticos aos que precederam a fundação da ED, na Inglaterra, mormente no que tange à delinqüência juvenil e desagregação espiritual. A solução cabal para esses males que tanto preocupam o Governo e as autoridades em geral está na regeneração espiritual preconizada na Palavra de Deus através da Escola Dominical. A Igreja de Deus precisa explorar todo o potencial da Escola Dominical, como agência de ensino da Palavra de Deus e evangelização em geral.

Lembro-me que meu despertamento para o trabalho da ED aconteceu em 1953, quando fui aos Estados Unidos. O navio onde eu estava parara para fazer grandes reparos. Fiquei ali por 5 meses e vi pela primeira vez um funcionamento avançado de ED. É claro que eu já conhecia a ED do Brasil, mas pela primeira vez via classes para todas as faixas etárias. Depois, fui à Europa e conheci a ED na Grã-Bretanha e Europa Continental. Era a mão de Deus. Essas experiências me deram subsídios e uma visão global para que eu pudesse escrever livros como o Manual da Escola Dominical, que é o manual adotado pela AD no Brasil. Muitas igrejas o adotam como manual padrão para fundar, desenvolver e promover EDs.

Se a ED fosse mais promovida, teríamos uma igreja quatro vezes maior. Muitos se esquecem que a AD está crescendo em quantidade, mas nem tanto em qualidade. Há uma tendência muito forte de crescer em quantidade sem pesar a qualidade na balança divina, a Bíblia. A AD deve investir mais em oração, divulgação, recursos, preparo de professores e principalmente na área infantil, adolescente e pré-adolescente, produzindo material apropriado. É preciso também investir em instalações físicas, porque milhares de igrejas reúnem as classes no salão do templo. Com o barulho, o professor não consegue se concentrar. Isso reduz o crescimento. Se a ED, que cuida do discipulado e do ensino, fosse mais dinamizada, teríamos uma igreja maior em quantidade e qualidade.

A CPAD investe o máximo na ED, mas ela não pode ir muito longe se não tiver um maior apoio das lideranças nacionais: a mesa diretora da CGADB, as diretorias das convenções estaduais e regionais, os pastores presidentes de igrejas e o Conselho Administrativo da CPAD. É preciso reconhecer que a ED é obra do Senhor e colocar o coração nela. Que Deus, pela sua misericórdia, faça com que todos se angustiem e decidam investir mais na educação religiosa para salvar o lar, a infância e os adolescentes, que vivem uma situação difícil moral e socialmente devido às transformações que o mundo enfrenta.

O mundo vai de mal a pior, e isso é bíblico. Espiritualmente, há a esperança de um avivamento celestial, quando multidões serão salvas e renovadas, e a ED é peça chave disso, porque quem ganha almas para o Reino de Deus são o pregador e o evangelista, mas quem vai educar e discipular é a ED ou outro órgão da igreja que faça a mesma coisa mesmo não tendo esse nome.

Hoje, temos agências de ensino religioso não populares, como faculdades e institutos bíblicos, porém a ED é a própria igreja estudando a Palavra de Deus. Ela aceita desde o que está no berço até o ancião mais encanecido.

Infelizmente, em muitas igrejas a ED é só uma reunião domingueira. Tem o nome de ED, mas não há divisão de classes nem ensino. Às vezes, nem a lição é usada ou citada. Assim, o alimento espiritual é só para um grupo. Mas não se dá a uma criança recém-nascida o alimento dado a um adulto. O alimento pode ser nutritivo, mas tem que ser apropriado à criança.

Talvez por causa da incipiência dos dirigentes, numa reunião onde se deveria repartir o pão conforme o estômago de cada um, vemos crianças dormindo sentadas em bancos de adultos. Por estarem na igreja, são abençoadas, mas não entendem nada da mensagem, pois não é transmitida ao nível do conhecimento delas. Isso é mau uso da ED.

A maioria das igrejas não tem investido na estrutura física e educacional da ED. Muitos líderes dizem que não têm recursos. Da mesma forma que se procura ter recursos para construir o templo e promover a obra missionária, deve-se investir em instalações físicas para ED. É falta de visão não investir em salas para ED, que inclusive poderão servir durante a semana para cursos que a igreja possa criar. O Governo não investe em cidadãos que terão uma vida tão curta? Será que não vale a pena investir em vidas que durarão à eternidade?

Que atração exercerá a ED para nossos jovens, que na escola secular encontram tudo atualizado, enfeitado, bancos apropriados, computadores e, quando chegam na ED, parecem que regrediram cem anos? Não é só “Vai orar e ser cheio do Espírito!” A igreja pode ser cheia do Espírito e falhar nesse ponto. Não devemos esquecer o lado humano. No capítulo 8 de Jeremias, Deus disse ao profeta que tomasse um tijolo e escrevesse nele o mapa de Jerusalém. Deus não poderia simplesmente falar ao coração? Deus, com todo o seu poder, disse para o profeta lançar mão de um recurso secular para falar ao povo.
Há vários motivos para muitas EDs sofrerem com a evasão de alunos. Uma delas diz respeito à qualidade do ensino. Como o aluno irá a uma classe ouvir o que pode aprender sozinho? Outra é a falta de recepção, de sociabilidade, do fazer se sentir à vontade. Como permanecer onde ninguém nota sua presença ou procura cativar sua atenção?

O homem chave da ED é o professor da classe. Se ele for treinado para o magistério cristão e espiritual, será um dos maiores auxiliares do pastor. O segredo está no professor e, em segundo lugar, no pastor da igreja, porque um professor preparado e motivado não irá longe sem o pleno apoio do seu pastor.

Deus tem feito a AD progredir, logo precisamos de uma multiplicação de professores mais preparados, porque o povo se acultura e a igreja não é mais a mesma. O povo não aceita tudo que se dá, ele já sabe filtrar.

Temos uma igreja madura, com mais de 100 anos, mas muitos se esquecem disso. Necessitamos também de professores espirituais, porque um professor não espiritual não vai longe. Quem faz prosperar é Deus. Paulo disse: “Eu plantei, Apolo regou, mas Deus deu o crescimento”. Há melhoras, mas devemos tomar cuidado e investir na qualidade do ensino e do professor.

 

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